Paredes de Coura

300 km de BTT, 200 km de Gravel, 800 km de Estrada, e um Complexo de Pistas XCO/XCC! Sim, leu bem. O que o Centro Cyclin’ Portugal de Paredes de Coura tem para lhe oferecer é raro no contexto nacional, em quantidade e qualidade. E garantimos-lhe que não é um monumento ciclável só de encher o olho, mas também o alforge de memórias.

O dia 19 de agosto de 2022 fica para a história do turismo courense como a data de inauguração deste novo equipamento, mas também dos espectáculos de The Blaze ou Arlo Parks no Festival Vodafone Paredes de Coura. Sim, no dia seguinte não era de todo impossível começar o dia a pedalar dentro do novo centro e terminá-lo a assistir ao concerto dos norte-americanos Pixies! É indiscutível que são estes nomes emergentes ou consagrados da chamada música alternativa que atraem grande parte dos festivaleiros a "Paredes”, mas também é verdade que ninguém se lembraria de cunhar Coura de “Couraíso” sem o seu arrebatador cenário natural, que passa em muito pelo rio Taboão e as suas margens.

É, aliás, esse cenário que faz do município um destino atrativo para amantes dos desportos de natureza. Visitar Paredes de Coura é, antes de mais, ser bem recebido, ser cumprimentado por todos como se fosse um conterrâneo. À hospitalidade ancestral destas gentes junta-se a beleza singular do seu património natural e rural.   

Sugerimos que inicie a sua aventura sobre rodas numa das duas portas de entrada, situadas em Chã de Lamas e Vascões. Logo nesses pontos dará conta que a ocupação humana na região é remota, um facto atestado pela existência de monumentos megalíticos (em Bico e São Martinho de Vascões), associados no núcleo megalítico de Chã de Lamas. Pelo caminho, outros vestígios de eras passadas como os castros de Cossourado e de Cristelo, ou os marcos indicadores da milha romana, também o farão sentir-se um nado histórico.
Não o vamos enganar: a região é essencialmente montanhosa, com a Paisagem Protegida de Corno de Bico a dominar parte do concelho. Mas se os percursos têm alguns setores puxados, será certamente mais fácil “ciclá-los” se se mentalizar que a paisagem que o envolve valerá o esforço. E vai ter, de bicicleta, a oportunidade única de penetrar o Corno de Bico com as suas densas manchas de carvalho-alvarinho, os bosques ripícolas junto a cursos de água, os lameiros e as turfeiras. Não observará todas as 104 espécies de aves, 47 de anfíbios, 17 de répteis, 13 de mamíferos e sete de peixes referenciadas nesta região protegida, mas terá um aperitivo da diversidade da fauna local ao aventurar-se por estas estradas e trilhos mais ou menos enlamados, mais ou menos selvagens.

Sugestões finais: se gosta dos livros de Mário Cláudio, dê um pulo a Venade, e visite o espólio do escritor portuense; entre as sopas locais, recomendamos a de "migas", a de cogumelos e de peixe, ou a da matança (à base de carne de porco).